domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fernando Pessoa ( 1888-1935 )



A literatura,como toda arte, é uma confissão de que só a vida não basta.
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Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei aonde ela me levará , porque não sei nada.
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No meu coração há uma paz de angústia, e o meu sossego é feito de resignação.
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Ah, é a saudade do outro que eu poderia ter sido que me despersa e sobressalta!
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A razão é a fé no que se pode compreender sem fé.
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Vivemos todos , neste mundo, a bordo de um navio saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter uns para os outros uma amabilidade de viagem.
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De meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incompetência ante tudo quanto é vida.
Nunca aprendi a existir.
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Ler é sonhar pela mão de outrem.Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.
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Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda gente.
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Fragmentos do Livro do Desassossego.

2 comentários:

Anônimo disse...

"O amor não busca agradar a si mesmo
Nem destina qualquer cuidado a si próprio
Mas se dá facilmente ao outro,
E constrói um Paraíso no desespero do Inferno"

william blake

=))

Mel disse...

Essa seria uma perfeita tradução
p/ a sua mami! rsrsrs